Entre todos os cenários perturbadores da série sul-coreana Round 6 (Squid Game), a chamada Sala Vermelha se destaca como um símbolo visual de tensão, obediência cega e desumanização estética. Com suas formas geométricas repetidas, paredes monocromáticas e posicionamento simétrico de camas, esse espaço não é apenas um dormitório — é um microcosmo da experiência vivida pelos participantes.
Reproduzir essa sala em miniatura é mais do que um desafio técnico: é um exercício de composição, atmosfera e narrativa visual. Neste guia, vamos mostrar como traduzir esse ambiente marcante para o modelismo, passo a passo, com foco em design, simbolismo e ambientação dramática.
A força simbólica por trás da geometria
Antes de falar de materiais e técnicas, é importante entender por que essa cena é tão impactante visualmente.
A Sala Vermelha se apoia em três pilares estéticos:
- Cor como opressão: o tom vermelho rosado cobre absolutamente tudo — uma cor que em outros contextos poderia ser vibrante, mas aqui sufoca.
- Geometria e repetição: camas metálicas empilhadas, linhas retas, ângulos perfeitos. Isso cria uma sensação de desumanização e rotina.
- Simetria teatral: a câmera quase sempre posiciona os elementos de forma centralizada, enfatizando a hierarquia, vigilância e ordem imposta.
Ao construir o diorama, você vai precisar respeitar esses princípios para capturar a alma da cena — e não apenas sua aparência.
Escolhendo a escala e o momento da cena
A escala ideal para este projeto depende da sua preferência por detalhe e espaço, mas recomendamos 1:35 ou 1:50 para representar múltiplos beliches e manter o volume controlado.
Você pode escolher representar:
- A sala vazia (o que reforça o clima de isolamento e frieza);
- Um momento de vigília com personagens nas camas;
- Uma cena tensa de conversa ou desconfiança à noite.
Se quiser, é possível até criar uma versão interativa com iluminação ou perspectiva forçada.
Materiais recomendados
Estrutura:
- MDF ou foam board para base e paredes;
- Papel paraná ou cartão para degraus e passarelas;
- Régua, estilete e cola branca.
Pintura e acabamento:
- Tinta acrílica fosca vermelha e rosa escuro;
- Pincel largo para cobertura homogênea;
- Fita crepe para marcação de linhas retas.
Beliches:
- Palitos de madeira (tipo espetinho) para estrutura;
- Hastes de alumínio ou plástico para colunas;
- Papel ou tecido para colchões dobrados;
- Arame fino ou cola quente para suporte das camas superiores.
Personagens (opcional):
- Miniaturas 3D impressas ou modeladas com massa epóxi;
- Pintura com tons neutros e roupas numeradas;
- Mini tapetes de tecido cru para o chão.
Extras:
- Fios de LED vermelho ou laranja para iluminação ambiente;
- Acetato ou acrílico fosco para simular luz filtrada;
- Etiquetas com números ou símbolos (círculo, triângulo, quadrado).
Passo a passo: da opressão ao detalhe
🧱 1. Construindo as paredes e o ambiente
Monte uma base de MDF com pelo menos 25cm x 25cm. Cole as paredes de foam board em L ou em U (para maior imersão). Marque as linhas de divisão no chão e nas paredes — elas devem ser retas, simétricas e regulares. Aplique tinta vermelha com pincel largo em camadas finas para evitar manchas.
Dica: use iluminação indireta para testar a tonalidade enquanto pinta. A luz afeta muito o resultado final.
🛏️ 2. Estruturação dos beliches em escala
Escolha quantos andares quer representar (2 ou 3 é o ideal). Corte os palitos ou hastes para criar o esqueleto das camas. Use tiras finas de papelão para as bases e tecidos dobrados para simular os colchões.
Fixe os beliches com espaçamento regular e deixe áreas de circulação. A simetria aqui é essencial para passar a sensação de ordem forçada.
💡 3. Iluminação e atmosfera
Instale uma pequena fita de LED na parte superior da parede traseira, escondida sob uma aba de papelão para simular luz difusa. Você pode usar papel vegetal na frente para suavizar.
Para cenas noturnas, use LEDs vermelhos fracos ou iluminação externa lateral. A luz que não mostra tudo ajuda a criar tensão.
🎭 4. Adicionando personagens e objetos simbólicos
Coloque figuras sentadas ou deitadas, com expressões neutras ou preocupadas. Se não quiser esculpir rostos, trabalhe com silhuetas e posturas.
Adicione detalhes como escadas metálicas improvisadas, pequenos sacos, chinelos sob os beliches ou até paredes com rabiscos — esses toques sugerem história vivida.
📷 5. Compondo a cena como cinema
Posicione o diorama em um ângulo que respeite a simetria da série. Tire fotos frontais com profundidade de campo curta (fundo desfocado), usando iluminação lateral para simular cenas reais.
Se quiser elevar ainda mais o projeto, crie uma moldura preta em volta do diorama, como se fosse um quadro — ou até mesmo uma tela de cinema congelada.
Quando o desconforto se transforma em arte
Reproduzir a Sala Vermelha em miniatura não é só um exercício de modelismo — é também um mergulho na estética do desconforto. Ao trabalhar com simetria, repetição e monocromia, você não está apenas construindo um ambiente. Você está contando uma história de controle, de tensão coletiva, de silêncio opressor.
E no fim, ao olhar para sua miniatura pronta, você perceberá que recriou não apenas um cenário… mas uma sensação. Uma memória visual que se tornou tátil, tridimensional, e profundamente inquietante.
Se você montar sua versão, compartilhe! E prepare-se: ainda temos muitos outros mundos para construir juntos.